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A "provinha" do Google Developer Day

Algumas pessoas acharam estranho o processo de inscrição para o Google Developer Day. Nas edições anteriores, você preenchia um formulário, contava o que você fazia e onde trabalhava e ficava nisso. Os primeiros a se inscreverem iriam ao evento e pronto. Os menos atentos ganhavam a lista de espera. Agora, além do formulário, você tem que mandar um currículo e resolver alguns problemas que exigem familiaridade com alguma ferramenta de programação.

Não sei se foi essa a intenção da Google, mas, com esse processo de inscrição, eles têm seus dados de contato, seu currículo e sua avaliação em uma prova.

Mas não se anime. Essa prova não deve ser a que o RH do Google usa. Eu, pessoalmente, acredito que ela apenas existe para separar quem vai entender alguma coisa do GDD de quem não vai entender nada e evitar, com isso, que gente que poderia melhor aproveitar o evento fique de fora.

Agora que as inscrições foram fechadas e o prazo para a entrega das provas terminou, eu me sinto à vontade para publicar esse post.

A prova

A prova tem 5 questões, um pouco diferentes para cada candidato. Eu não sei se foi honesto, mas eu resolvi as minhas com uma janela e um interpretador Python do lado. E eu vou fazer o mesmo aqui.

O que esse programa faz?

x = 7
y = 4
if y > 2, then
   y = y * 2
else
   x = x * 2
print (x + y)

Esse é facil. Na janela do ipython:

In [1]: x = 7

In [2]: y = 4

In [3]: if y > 2:
   ...:     y = y * 2
   ...: else:
   ...:     x = x * 2
   ...:     
   ...:     

In [4]: x + y
Out[4]: 15

Quantas vezes esse programa imprime "hello"?

Uma observação: os loops incluem as extremidades.

for i = 1 to 5
   if i != 2, then
      for j = 1 to 9
         print 'hello'

De novo, com o mesmo truque (só que em Python, o range não inclui a extremidade maior):

In [1]: for i in range(1, 6):
   ...:     if i != 2:
   ...:         for j in range(1, 10):
   ...:             print 'hello'
   ...:             
   ...:             
hello
hello
hello
hello
...

Erm... Chato assim. Vamos tentar de outro jeito

In [1]: linha = 1

In [2]: for i in range(1, 6):
   ...:     if i != 2:
   ...:         for j in range(1, 10):
   ...:             print linha, 'hello'
   ...:             linha += 1
   ...:             
   ...:             
1 hello
2 hello
3 hello
4 hello
(...)
36 hello

Agora sim. Mesmo sem o computador, de olhar dá pra sacar que o primeiro loop roda 5 vezes e o segundo, 9. Como a condição que pula o segundo loop pula uma iteração (nem todos os testes fazem isso), o programa imprime 4 x 9 hello's.

Quais números, entre 5 e 2675 são pares e divisíveis por 3?

O exercício diz que eu posso escrever um programa para isso. Deve ser pra acomodar o pessoal que não vive sem um compilador.

In [1]: len([ n for n in range(5, 2676) if n % 2 == 0 and n % 3 == 0 ])
Out[1]: 445

Mas isso foi porco. Quem estava acordado no ginásio vai lembrar que se um número é par (divisível por 2 - essa é do primário) e divisível por 3, ele é divisível por 6. Assim, podemos simplificar nossa solução:

In [2]: len([ n for n in range(5, 2676) if n % 6 == 0 ])
Out[2]: 445

Podemos respirar aliviados agora que vimos que o resultado continua o mesmo.

Números bonitos

A pergunta nos apresenta Barbara e seus critérios para que números sejam ou não bonitos. Para ela, números são bonitos se contiverem um dígito 4 e não contiverem um dígito 9. Ao final, nos pergunta quais números entre 14063 and 24779, inclusive, são bonitos.

Para saber quantos são bonitos, podemos começar com uma função:

In [1]: def bonito(x):
   ...:     return '4' in str(x) and '9' not in str(x)
   ...:

E podemos testá-la, para ver se  fizemos tudo direito:

In [2]: bonito(4)
Out[2]: True

In [3]: bonito(9)
Out[3]: False

In [4]: bonito(49)
Out[4]: False

In [5]: bonito(1491)
Out[5]: False

Daí, basta aplicá-la usando a mesma técnica que usamos no problema anterior:

In [6]: len([ n for n in range(14063, 24780) if bonito(n) ])
Out[6]: 3047

Se você preferir, pode fazer tudo em uma linha:

In [7]: len([ n for n in range(14063, 24780) if '4' in str(n) and '9' not in str(n) ])
Out[7]: 3047

Ou, ainda:

In [8]: len(filter( lambda x: '4' in str(x) and '9' not in str(x), range(14063, 24780)))
Out[8]: 3047

Os telefones

A última pergunta nos apresenta um país em que os números de telefone têm 6 dígitos. Números não podem ter dois dígitos consecutivos idênticos, porque isso é caído. A soma dos dígitos tem que ser par, porque isso é legal e o último dígito não pode ser igual ao primeiro, porque isso dá azar.

Vamos começar com os caídos

In [1]: def caido(x):
   ...:     for i in range(0, len(str(x))):
   ...:         if str(x)[i] == str(x)[i - 1]:
   ...:             return True
   ...:     return False
   ...:

Agora vamos para os legais

In [2]: def legal(x):
   ...:     return sum([ int(n) for n in str(x) ]) % 2 == 0
   ...:

E, se olharmos a função "caido", vamos ver que ela considera caídos os números que dão azar.

In [3]: caido(123451)
Out[3]: True

Assim, basta usarmos duas no nosso critério:

In [4]: len([ n for n in range(100000, 1000000) if not caido(n) and legal(n) ])
Out[4]: 238500

Mas o exercício não perguntou quantos caídos entre 100000 e 999999. Eles nos deu uma lista. Com um pouco de mágica de clipboard, colocamos os números em uma string, que quebramos e fazemos uma lista:

In [5]: tudo = '''214966
   ...: 215739
   ...: 220686
   ...: 225051
   ...: 225123
   ...: 226810
   ...: 228256
(...)
   ...: 720576
   ...: '''

In [6]: tudo
Out[6]: '214966\n215739\n220686\n225051\n225123\n...720202\n720568\n720576\n'

Opa! Tem um '\n' no final do qual precisamos nos livrar

In [7]: numeros = tudo.split('\n')[:-1]

In [8]: len(numeros)
Out[8]: 200

Então, usamos a lista e chegamos no resultado:

In [9]: len([ n for n in numeros if not caido(n) and legal(n) ])
Out[9]: 61

61 de 200 parece razoável.

Motivo para pânico?

Não desanime se seus números forem muito diferentes dos meus. Os enunciados variam de teste para teste. Além disso, até agora eu não recebi confirmação da minha inscrição. Isso pode indicar que eu errei tudo.

Boa sorte!

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Por que você não deve deixar de ir à LinuxCon só por causa do keynote do Sandy Gupta

Os amigos

Muitos amigos meus estão dizendo que não vão à LinuxCon Brazil por conta de um keynote por um representante da Microsoft. Isso me preocupa muito e me preocupou a ponto de eu me decidir a escrever este post

O mentiroso

A Microsoft é uma entidade engraçada. É extremamente consistente e previsível. Joga baixo, sempre que pode. Seus funcionários acreditam, de coração, que está tudo bem e que é normal fazer essas coisas. Se me convidarem pra jogar bola, eu não vou. Devem dar caneladas, cotoveladas e tudo o mais que puderem, desde que acreditem que vão ficar impunes.

Sandeep Gupta veio da SCO. Foi ele o cara (eu pensei em usar "mané", mas ele sabia muito bem o que estava fazendo) que anunciou (PDF) que havia código do Unix no Linux. Eu escrevi sobre isso há muito tempo - desde então se provou que o Linux não tem código Unix nele e que a SCO não tinha nenhum direito sobre o código que ela dizia ser dela que ela dizia que foi parar (e não foi) dentro do Linux. Lá ele chegou a ser presidente da SCO Operations, seja lá o que fosse que ela operasse.

Muita gente suspeita que a SCO foi apenas um laranja para a Microsoft. A Microsoft tem uma série de coincidências interessantes de executivos que destruíram competidores e que, depois disso, acabaram trabalhando em cargos prestigiosos da empresa. Um que eu me lembro fácil é Rick Beluzzo, que fez com que a HP praticamente abandonasse o desenvolvimento do HP-UX e priorizar servidores Windows, porque, nas palavras dele "NT é o futuro" (em tempo - a divisão de servidores da HP que mais dava lucro era a dos HP-UX, na última vez que eu olhei). Depois da HP ele foi a Silicon Graphics (mais ou menos na época em que a Microsoft comprou a Softimage e estabeleceu o NT como alternativa viável para animação) e que acabou licenciando a preço de banana a tecnologia de aceleração de 3D deles para a Nvidia (que permitiu PCs com performance de 3D similar às SGIs e que enterrou de vez o negócio deles). Depois disso ele foi parar na MSN e deve ter ganho seus vários milhões com isso tudo. A história de Gupta é um paralelo notável e demonstra que, se não a SCO, pelo menos ele esteve a serviço da Microsoft desde o início.

Você contrataria um executivo como ele?

Nem eu.

Mas esse não é o ponto. O homem é um pulha e a Microsoft não é uma empresa ética. Isso não é segredo e nem é a primeira vez que eu digo isso.

O evangelista

James Plamondon era um evangelista da Microsoft. Em uma apresentação, ele explicou como se faz para esvaziar um evento de um competidor - a Microsoft simplesmente aparece no evento. Plamondon, nessa entrevista, se vangloria de ter acabado com duas conferências de desenvolvedores de Mac tornando-as multi-plataforma e impondo tracks com palestras que não interessam a ninguém. Desenvolvedores de software para Mac não querem ir a uma conferência para assistir palestras sobre como escrever software para Windows. Ao impor sua presença, ele espanta conferencistas e, a longo prazo, estrangula a conferência, que morre, aparentemente, de causas naturais. A primeira foi a Mac App Developers Conference, onde ele era membro do board da associação por trás. A segunda foi a Technology and Issues Conference. As duas tiveram uma vida longa antes da Microsoft decidir acabar com elas.

Está tudo aqui. Essa parte que eu mencionei está na página 27, mas o PDF tem 66 páginas de pura maldade (o método que ele usou para entrar na grade de uma conferência é particularmente maligno). Esse pessoal não é só ultra-competitivo. Eles não tem caráter nenhum.

O vilão

Não tenha dúvida de que a Microsoft pagou, direta e indiretamente, para estar na LinuxCon. Mas nós ganhamos com isso. O evento fica melhor no geral, tem mais dinheiro, as entradas podem ser mais baratas e o lanche pode ser melhor. O espaço pode ser mais bem-cuidado, as palestras podem ter mais pessoas. E o preço disso é que temos a oportunidade de ir lá e detonar com o cara no keynote dele. Gente! É o cara da SCO! Melhor que isso só se fosse Bill Gates! Ele vai ser um alvo fácil falando por uma hora. Você pode estar no auditório e, quando ele subir ao palco, sair como forma de protesto (cuidado - ele vai usar a carta da "intolerância" e do "fanatismo" para nos demonizar). Melhor é ficar e crivá-lo com as perguntas mais pontudas e cortantes que puderem imaginar. Se você tiver uma credencial de imprensa, use-a para fazer perguntas na entrevista coletiva. O cara é mau e merece. Simboliza e protagoniza tudo o que existe de mais errado em nosso mercado. Eu lamento profundamente não poder ir pessoalmente dessa vez, mas minha oportunidade de trollá-lo vai chegar.

O que não podemos fazer

Essa parte é muito importante.

Evidentemente, não podemos usar de violência. Eu imagino que também não seja permitido entrar com tortas no auditório. Mais importante do que tudo isso é não deixarmos que a Microsoft esvazie o evento. Se você não aprova e não tem estômago pra ficar ouvindo, vá para o corredor durante o keynote fazer alguma coisa. É uma LinuxCon, afinal. Vá escrever algum código que ajude os outros. Encontre alguém e vá resolver algum problema seu. Deixe que ele fale sozinho sobre a interoperabilidade que a empresa dele não quer. Distribua folhetos, imprima a página 27, traduza, publique em seu blog. Faça algo. Eles vivem da nossa inação.

Mas, mais do que tudo isso, não deixe de ir. O evento e a comunidade a que ele serve não precisam de Guptas e Plamondons.

Precisam de você.

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Resposta à idéia de que software-livre seja coisa do PT

Hoje, em seu blog, Reinaldo Azevedo afirmou software livre está preso ao PT. Normalmente eu não ligaria para o que ele escreve, mas não custa educar as pessoas, custa?

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O Plone Symposium e porque você devia ir

Eu sempre recomendo que coisas importantes recebam a devida atenção.

É por isso que não me incomodo muito em ver sites descartáveis sendo feitos com tecnologias como ASP, JSP ou PHP naquele modelo antigo que mistura apresentação com lógica. É como na construção de cenários - você não vai usar madeira se isopor e lycra resolverem. Concreto armado, nem pensar. Site descartável é como aqueles escritorios que são erguidos para vebder apartamentos na planta: ele só precisa ficar lá até vender unidades suficientes para começar a obra. Depois disso, vai ser derrubado. Ele nunca vai desenvolver uma goteira ou ganhar mais um piso.

Com sites, a situação é parecida.

Se seu site for só um cartão de visitas feito pra dar seu e-mail de contato ou telefone, tudo bem você montá-lo com qualquer coisa. HTML estático está bom demais.

Por outro lado, se você precisa viver com um site, é bom fazê-lo direito. É importante separar a aparência dele (que pode mudar radicalmente a qualquer tempo) do conteúdo (que tende apenas a aumentar) e de eventuais aplicações que rodem dentro dele (se seu CMS deixar você fazer esse tipo de coisa).

É por conta disso que eu gosto tanto do Plone. Ele traça uma linha muito nitida entre conteúdo e forma e, por conta de como é construído, em torno de um banco de objetos (e não um banco relacional, como a maioria dos concorrentes) ele torna ridiculamente simples fazer aplicações de workflow ou de gestão de conhecimento.

E quando eu digo ridículo, é porque, tipicamente, você só precisa gerar alguns diagramas UML e entregá-los a uma ferramenta que faz o resto.

Uma digressão rápida: no meu livro, guardar documentos dentro de um BD relacional, como faz o SharePoint, é motivo para justa-causa. Guardar ponteiros para um sistema de arquivos é apenas marginalmente melhor. Mas isso é material para outro artigo, não para esse.

E aí eu entro na parte realmente importante: se você tem problemas com sua intranet e gostaria que ela fosse mais manejável, compatível com mais navegadores (diga a verdade - é um porre quando a empresa padroniza em IE 6 porque fez a burrada de crira aplicações importantes que não rodam nem mesmo nas versões posteriores dele, quanto mais em navegadores mais modernos), que pudesse guardar seus documentos do Office (ou do OpenOffice, ou do iWork, se você tem Macs), que tivesse uma busca que funciona (porque você quer encontrar os documentos que colocou lá), que tenha undo sem nunca precisar de um restore do banco de dados (porque todo mundo erra de vez em quando) e que, no geral, envelheça mais graciosamente do que aquelas coisas com que você está acostumado, dê uma olhada no Plone.

Eu sei... Eu sou - e assumo - um fanboy do Plone. O dieblinkenlights é feito em Plone. Por vários anos o Plone pagou - não paga mais - minhas contas. O DBL é feito em Plone porque eu sou muito preguiçoso e não quero ter dores de cabeça com o site. Ele simplesmente funciona e tem sido assim desde que ele existe. E é assim que um CMS tem que ser.

Na semana que vem acontece em São Paulo o Plone Symposium South America. É a primeira edição do evento e vale a pena você ir. Vale a pena, não importando se você usa ou não Plone. Mesmo que você seja um usuário de Joomla, Drupal ou, coitado, de Sharepoint, vale a pena ir. Vale a pena para saber o que o outro CMS, aquele que você não usa, tem para oferecer.

Na pior das hipóteses, você sai com uma lista de features para serem implementados no seu que deve manter seu pessoal de desenvolvimento ocupado por algum tempo.

Mas, se você tiver mesmo sorte, você sai de lá um usuário de Plone.

Seus usuários vão agradecer.

Nota: este artigo também foi publicado no Webinsider, em http://webinsider.uol.com.br/index.php/2009/11/19/em-defesa-do-plone/.

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