Personal tools
You are here: Home Artigos Unix de grife

Unix de grife

by Ricardo Bánffy last modified Nov 19, 2008 07:30 PM

Não me entendam mal. O fato de eu não usar MacOS para tudo não tem tanta relação com apreço às virtudes do Macintosh quanto com a sua adequação às minhas necessidades. Ao contrário do que pode parecer, eu sou um fã da Apple desde os dias do Apple II, aquela máquina que mudou o mundo e definiu o que é um computador pessoal.

Foi assim que eu acompanhei o keynote da WWDC'06. Eu queria saber o que o pessoal de Cupertino tinha para mostrar.

O Que Um Desenvolvedor Quer?

A vida de um criador de software se pauta por algumas escolhas. Uma delas é "em que plataforma isso vai rodar?". Eu, há alguns anos, respondi "tantas quantas for possível". Essa escolha me empurrou para a Web, onde qualquer browser poderia usar minhas aplicações, para o Java, com o qual eu poderia rodar meus programas em qualquer plataforma e, no final, minha caixa de ferramentas inclui coisas como Ubuntu, PostgreSQL, Glassfish, NetBeans, Zope e Python, que resolvem esse problema.

Até alguns dias atrás, minha escolha pareceu absolutamente apropriada e com um mínimo de chances de deixar de sê-lo. Windows, nem pensar. Macintosh? Talvez, se fosse um pouco mais sofisticado.

O Que o Mac Não Dá

O Mac OS é um produto acabado, pronto para consumo das massas. Ele não pode ser montado, desmontado e recombinado de formas que me permitam trabalhar melhor. Ele é tão engessado quanto um Windows (embora funcione muito melhor).

Quando você desenvolve, faz falta um gerenciador de software. Algo que saiba de onde baixar aquela biblioteca que você precisa. Quando se usa o Xcode. está tudo lá, mas quando se programa em Python, Perl, Rails, TurboGears ou qualquer coisa que a Apple não abençoe, você está por conta própria. No Ubuntu, eu abro o Synaptic e escolho o que eu preciso. Faço uma busca e ele instala o que eu preciso. Ele se vira para baixar o que eu pedi e mais tudo o que eu preciso para que tudo funcione: bibliotecas, programas e utilitários. E ele faz isso sozinho. E se vierem novas versões, pede permissão e atualiza. Sozinho.

Leopard

Até outro dia, o OSX não era muito mais sofisticado do que qualquer outro Unix. Ele é mais bonito. Ele tem o Aqua e tem CoreIsso e CoreAquilo (que equivaleriam a DirectIsso e DirectAquilo do Windows), que permitem fazer as coisas ficarem mais bonitas, mais estáveis e mais depressa. Desde que o programa seja pra Mac.

Algumas coisas mostradas do Leopard mostram mudanças profundas. Essas mudanças vão distanciando o OSX de um Unix "comum" e vão transformando-o em outra coisa. Pelo que eu pude ver, uma coisa bem mais avançada do que qualquer outro OS, venha ele de Cupertino, de Redmond ou da Finlândia. Coisas como o Time Machine me entusiasmam, porque mostram mudanças importantes na casa das máquinas. Essas coisas tornam o MacOS interessante.

E por isso eu fico assim, meio em dúvida. Do jeito que as coisas vão, é bem possível que meu próximo notebook seja mais bonito e que não rode Ubuntu, mas Leopard. Quem sabe, no ano que vem, se meu valente iMac Blueberry ganha um irmão caçula.

© Ricardo Bánffy

Este artigo também está disponível no número 4 da revista MAC+.